Pesquisa revela que objetivo da Geração Y é trabalhar em ambientes descontraído

No que depender dos jovens, é possível que o ambiente de trabalho do futuro seja um local onde o horário de entrada e o de saída fica ao gosto do funcionário, as roupas casuais não se limitam às sextas-feiras e, no intervalo, uma partida de videogame com o chefe é comum. Mas eles não querem apenas isso: planos de carreira bem estruturados e reconhecimento por metas atingidas estão entre as principais reivindicações dos profissionais de 23 a 27 anos, de acordo com pesquisa da plataforma de colocação profissional 99jobs. O levantamento descobriu que metade dos 1.625 entrevistados trabalhava em locais tradicionais, como bancos, indústria e governo. No entanto, quando perguntados sobre onde gostariam de atuar profissionalmente no futuro, a preferência por esse tipo de ambiente cai para 17%. As empresas de perfil informal — como agências de comunicação, startups e companhias inovadoras — foram escolhidas por 41% dos respondentes. Em segundo lugar, ficou a opção de abrir o próprio negócio, com 32%.

"As pessoas têm buscado trabalhos que façam sentido para elas. Não é o fato de poder usar bermuda ou ter uma mesa de pingue-pongue no escritório que faz a diferença, mas sim a iniciativa da organização em criar um ambiente em que o funcionário veja um propósito naquilo que está fazendo", analisa Alexandre Pellaes, porta-voz da 99jobs. Quando questionados sobre o nível de satisfação que tinham no trabalho atual, as notas dos entrevistados foram modestas. Numa escala de 1 a 10, os participantes da pesquisa deram 5,3 para a perspectiva de crescimento profissional; 5,6 para o nível de felicidade profissional e 5,7 para a percepção de sentido e utilidade naquilo que estão fazendo.

Os participantes apontam duas gigantes da tecnologia como empresas-modelo quando o assunto é trabalho que faz sentido: Google, citada por 58% dos profissionais, e Facebook, com 25% da preferência. "Em certa medida, existe romantismo em torno dessas organizações. Elas não escondem que os funcionários trabalham muito, mas vendem a ideia de que é divertido fazer parte da equipe de lá. O fato de terem estruturas de hierarquia mais horizontais, em que todos têm voz, é algo que atrai bastante os jovens", explica Pellaes.

A Natura, terceira empresa mais lembrada pelos entrevistados da pesquisa, foge do perfil descolado das primeiras colocadas. Para Fabiana Nakazone, gerente de Atração da companhia, o investimento em ações de marketing focadas no público jovem, o apelo à sustentabilidade e a valorização da diversidade são fatores que contribuem para a imagem da marca. "Nosso maior diferencial não é o home-office ou as roupas casuais, mas a oportunidade de estar envolvido em projetos que tenham impacto social e que envolvam pessoas de diferentes hieraquias", explica. "Liderança forte, comunicação clara e metas bem definidas são as principais diretrizes para reter talentos", afirma.

Visitante inusitado
A startup brasiliense Pinmypet tem espaço para videogame, frigobar com cerveja e Pitico, gato de quatro meses que visita o escritório uma vez por semana. Bruno Souza, 32 anos, dono do felino e um dos sócios da empresa, garante que o ambiente contribui para a motivação e a produtividade. "Depois de participarmos de um programa de aceleração de empresas no Vale do Silício, adotamos um modelo mais focado em resultados, em vez de cobrar cumprimento de horários e uso de roupa social", conta. Com cerca de um ano e meio de existência e nove funcionários, a companhia comercializa medalhas que permitem a identificação de bichos de estimação e tem uma rede social para pets com 5 mil usuários.

No escritório, o vestuário é casual, os horários são flexíveis, e quem preferir pode trabalhar de casa. No entanto, a diversão tem hora. "Normalmente, assistimos a séries e jogamos videogame no fim do dia ou quando fazemos happy hour. Nas reuniões com clientes, usamos roupas mais formais", pondera Bruno. "A flexibilidade traz muita satisfação, mas, se não houver formas de controle sobre a produtividade, essa postura pode acabar comprometendo resultados", diz. O líder da equipe de desenvolvimento da startup, Wilckerson Ganda, 22 anos, trabalhou em ambientes formais e sente a diferença. "Fico confortável e tenho mais liberdade. Ao mesmo tempo, é preciso ter reponsabilidade, não dá para só brincar", afirma. Para ele, a estrutura contribui para que os processos sejam menos burocráticos e a relação entre as pessoas fique mais forte.

Fonte: CORREIO BRAZILIENSE
Data da informação: 13/04/2015

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